Entrevista com “PastorOsny”

– “A maior dificuldade que um jogador que está se profissionalizando pode enfrentar é a aceitação familiar…”
Todo jogador de poker gosta de fish´s nas mesas e para Guilherme Rodrigo Frei, ou “PastorOsny”, entender e gostar de peixes vai muito além do poker. Natural de Curitiba-PR em 22 de setembro de 1988. Além de ser graduado em Engenharia de Pesca pela Unioeste (Toledo-PR), o curitibano também possuí mestrado em Recursos Pesqueiros e Hídricos.
Atualmente Guilherme se dedica exclusivamente ao poker, além de jogar também é instrutor do Lineup Poker Team.
Como e quando você conheceu o poker?
– “Conheci o poker em 2006, com o começo das transmissões com cartas abertas na televisão, fruto do efeito Moneymaker, o qual alavancou o poker de forma jamais vista. Um jogador amador que se tornou milionário após bater vários profissionais de renome. Com certeza, esse foi um divisor de águas para nosso esporte. Se você joga poker hoje em dia, provavelmente deve isso ao Moneymaker. Resumindo, eu assistia muitas transmissões e sempre tentava entender a linha de raciocínio dos profissionais. Em 2007, comprei uma mala de fichas e comecei a jogar home games com amigos, foi o início da jornada”.
Como você se tornou profissional?
– “Durante o meu mestrado, comecei a ter os primeiros bons resultados no online. Nesta ocasião, mesmo sem conseguir me dedicar 100% ao poker, eu já conseguia uma renda extra. A partir do momento que eu concluí os estudos, fiz alguns coachs particulares, estudei bastante e quando vi estava vivendo do joguinho. Inicialmente, não com uma renda de engenheiro, mas com uma profissão que nos dá uma série de outros benefícios”.
Quais as principais dificuldades que você teve e quais ainda têm?
– “Eu acho que a maior dificuldade que um jogador que está se profissionalizando pode enfrentar é a aceitação familiar. Você pode estudar, se dedicar e se esforçar, mas se você não tem apoio da família, vai ser muito mais difícil você ganhar os flips sem estar com a cabeça totalmente voltada para o jogo. Eu tive sorte quanto a isso, os meus pais e a minha namorada sempre me deram a maior força. Claro que você tem que ter alguns resultados também para sustentar todo esse elo.
As dificuldades que encontro hoje em dia é que tem muitos times, muitos ghosts, muito conteúdo gratuito, ou seja, é muito, mas muito mais difícil ganhar dinheiro hoje em dia do que a três ou quatro anos atrás. Mas isso vale para todos né? É por isso, que para continuarmos ganhando, temos que estar sempre estudando e em constante evolução. Outra grande dificuldade é manter o foco com confiança e jogando o seu melhor, principalmente em períodos de down swing que são inevitáveis na vida de qualquer jogador”.
O que você mais gosta e o que você menos gosta no poker?
– “Com certeza uma das melhores coisas do poker é que nós, jogadores, trabalhamos com aquilo gostamos, além de sermos nossos próprios patrões, fazemos nossos horários. Somos nômades do século 21, ou seja, podemos morar praticamente em qualquer lugar do mundo. Podemos viajar, conhecer lugares, pessoas, e ainda ganhar dinheiro.
Não conheço tantas profissões que nos permitam isso, além do mais podemos mudar nossa vida da noite para o dia se pintar um big hit. Claro que nós buscamos sempre a regularidade para que um dia isso ocorra. Como toda profissão tem aspectos positivos e negativos, com o poker não seria diferente. Além de não ter o domingo para aquele almoço em família, o jogo na realidade é bem cruel. Você tem que ter a parte mental e psicológica bem mais trabalhada que a parte da matemática, por exemplo. Também não conheço tantas profissões que o sujeito trabalha doze, quatorze horas por dia e ainda pode perder dinheiro, e ainda em um momento ruim pode ficar meses sem ganhar nada. Mas quem está na chuva é para se molhar e nós sabemos disso. Outra coisa que eu não gosto é tomar bad beat”.
Quantas mesas simultâneas você joga e quantos torneios você chega a jogar em uma única sessão?
– “Jogo confortavelmente quatorze telas, mas posso chegar a abrir vinte ou ficar apenas em oito. No final da sessão faço entre 50 e 80 torneios dependendo do dia e da disposição”.
Você usa algum software de apoio? Qual a importância que você dá para este tipo de recurso?
– “Uso o hm2 e particularmente acho que esse tipo de software não deveria existir. Talvez apenas como forma de estudos pós grind. Assim, o poker seria muito mais honesto, mas como é permitido, acho muito válido principalmente pelo custo benefício e para explorar as frequências dos nossos adversários”.
Qual a imagem que o poker tinha no Brasil quando você começou, e qual a imagem que tem hoje?
– “Quando comecei o poker tinha aquela imagem bem sombria, pelo simples fato das pessoas não o conhecerem. A falta de informação sempre foi o principal obstáculo. Hoje em dia o poker é muito mais difundido é reconhecido como esporte da mente junto com jogos como o xadrez, mas ainda é visto com muito preconceito principalmente para quem pretende viver do jogo. Os trabalhos do Igor Federal e André Akkari, por exemplo, melhoraram muito a imagem do poker. Aliado a isso, o poker se popularizou por meio de pessoas como Ronaldo e Neymar que passaram a difundir o poker através da participação em eventos, entre outros. É inegável que o poker hoje no Brasil, movimenta milhares de empregos, diretos e indiretos, seja de manobristas, massagistas, dealers, seguranças, garçons, diretores de torneios como do cara que trabalha na cozinha e de tantos outros”.
Você é instrutor do Lineup Poker Team, o que você diria para quem pensa em jogar para times?
– “Nunca joguei para time. Quando terminei o mestrado fui atrás de um coach particular e estudei bastante para ter as credenciais para jogar por conta. O poker naquela época ainda não era tão difícil. Mas sou coach a mais de um ano e tenho vários amigos que já jogaram e jogam para times, sei muito bem como funciona. O que eu posso dizer? Digo que se você não tem dinheiro suficiente para fazer um coach particular a melhor maneira de evoluir e respirar poker, é entrar para algum time e se dedicar ao máximo para aproveitar a experiência como um todo”.
Quais as principais dicas que você dá para um iniciante?
– “Primeiramente você deve saber qual é seu objetivo, se é diversão, apenas se divirta e tente não tiltar com as badsbeats, aproveite o hooby e a adrenalina que o jogo proporciona. Agora se o objetivo é se tornar profissional, aconselho a estudar e se dedicar muito, mas muito mesmo, porque o caminho não é nada fácil. Como já disse eu optaria por investir num coach particular ou entrar para algum time para poupar horas, semanas, meses de estudo que se forem maus direcionados não servirão para quase nada. Com um coach ou time o caminho da evolução é muito mais rápido. Outra grande dica que eu posso dar para um iniciante, principalmente quando ele puxa seus primeiros dólares é o controle de bank, o big hit não existe no poker, o negócio é consistência. Você pode ser o Pelé do poker, mas se não tiver controle de bank vai acabar quebrando. Gostaria de agradecer a oportunidade de poder passar um pouco sobre minha vida e minha carreira para as pessoas, e que se de alguma forma eu ajudei, já está valendo. Quero aproveitar a oportunidade e deixar o link do meu canal no youtube para quem quiser acompanhar meu trabalho e conferir algumas dicas”. https://www.youtube.com/channel/UCNWGiRqwFtx2v4xflq5SnWw/feed?activity_view=7

– “…Somos nômades do século 21…”
A equipe do Ciência Poker agradece Guilherme Frei pela entrevista e lembramos que você pode acessar a fan page dele no facebook pelo seguinte endereço: www.facebook.com/CoachingOsny